Lembro-me bem do seu olhar,
ele atravessa ainda a minha alma,
como um risco de fogo na noite.
Lembro-me bem do seu olhar.
O resto...
Sim, o resto parece-se apenas com a vida.
Ontem, passeei nas ruas como qualquer pessoa.
Olhei para as montras, despreocupadamente,
E não encontrei amigos com quem falar.
De repente vi que estava triste, mortalmente triste,
Tão triste que me pareceu que seria impossível
Viver amanhã, não porque morresse ou me matasse
Mas porque seria impossível viver amanhã e mais nada.
Dói-me viver como uma posição incômoda.
Deve haver ilhas lá para o sul das cousas,
onde sofrer seja uma cousa mais suave,
onde viver custe menos ao pensamento.
Abrigo no peito, como a um inimigo que temo ofender,
Um coração exageradamente espontâneo.
Que sente tudo que eu sonho, como se fosse real,
que bate com o pé a melodia das canções que o meu pensamento canta,
canções tristes, como as ruas estreitas quando chove.

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