Insubjugável
Ele me olha, com seus grandes olhos de menino... daqueles que ainda guardam alguma inocência ou talvez sejam sonhos.. ou talvez sejam só dores.
Eu mesmo disse ter reparado nos seus olhos tristonhos.
Ele me olhaa, mas, ele reluta... não enxerga.
Mesmo antes, traz pra lente um emaranhado de visões, de fotografia que só capturaram um pequeno relance quando eu me viro.
Mesmo esses pequenos fragmentos são ainda misturados com lembranças de outras pessoas, em outras épocas e eu ali, na frente, pedindo a ele para limpar as lentes...se distanciar e talvez usar uma grande angular.
Sabemos quase nada ou muito pouco de ambos, mas é preciso estar despido, ver desenhos feios sobre a pele, cicatrizes...e mesmo isso, não é o que somos.
Perdi as vezes em que fui "acusada" de ser muito intimidadora, de ser insubjugável...
Eis a minha pena: não ser amada, sequer querer ser amada... ousar ser amada sem antes ter que me abandonar por aí (como uma roupa elegante demais para ser usada em casa).
Eu provavelmente amedontro por acreditar no mundo em que as pessoas seriam aceitas..quando nem nós mesmos sustentamos sob pernas (não trémulas) o peso de arcar com suas escolhas, opiniões e desejos.
Sigo eu..agradecendo ao universo por tudo que vivi até aqui e poder saber que posso largar tudo, desistir de tudo, me mudar tudo...mas de não poder me abandonar (nunca mais), para caber em lugar algum, muito menos dentro dos afetos pequenos demais, frágeis demais, confusos demais para me receber - inteira como eu sou.
Comentários
Insubjugavel, veio ao meu encontro!