Meio louco, nem tanto, meio sério, tampouco.
Menos ainda distante.
Sem a tórrida fé no momento, creio sofrer de eternidade.
O presente das brisas, do céu, do luar,
as tardes audazes, dos jovens, das bocas, falantes, bem certas, seguras - me escapam.
A falta, é tão clara e nada lhe cobre como sombra,
nada lhe diz respeito, nada lhe tomba o passo, nada lhe é objeto, nada lhe satisfaz...
Fazer e não, ir ou vir, sentar ao céu noturno, ou ao sol - ninguém me repõe.
Disto, repiso, confirmo, repasso, revejo, me vejo, não sinto...
Foi-se, como vai o alheio barco no mar, como o peregrino, além, exige de si, o não encontrável. Tal qual, a luz de um cego, invade-me um som, mínimo, como um canto distante, de asas cinzentas da invernal mariposa, presa à teia, condenada à aracnea, ao sumo mortal, sem chance de ser ouvida.
Assim, um anjo sádico, em pesadelo, insiste: "o amanhã virá"... Mas qual?
Se é o tempo que escapou?
Se é ele o grande ausente, não mais deus, nem mesmo ritmo, nem sequer sonho...
Resto, resto, resto: sei aqui estar eu.

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