Ausência
Olho para
tudo ao redor com os olhos de quem nunca havia visto.
Há beleza e
dor nas coisas que vejo... e a ausência.
Você me dirá
que sou eu que estou em perpétuo estado de partida.
Mas o que
vejo é uma cadeira vazia à sua espera.
Há tantas
coisas que eu gostaria de falar, detalhes incrivelmente insignificantes
Que são
delicadamente guardados em mim, para um dia serem compartilhados.
A ausência
é sentida por quem fica e por quem parte?
Sinto que
fico. Mesmo quando não posso estar.
Por alguns momentos
suporto de forma madura este estado semipermanente de ausência, mas logo me
desespero com a possibilidade da partida, de partir-se, de si e da memória-desejo
de quem fica e cansa-se da espera.
A ausência
me coloca em uma posição de expectadora da minha vida e espero pelo próximo
capítulo, aquele feliz, onde nos reencontramos. E é para mim um exercício de não-controle.Penso que coisas que eu poderia mostra-te com a minha presença física, mas que preciso condensar nas poucas horas líquidas que teremos juntos.
A cada
partida, a cada coisa nova conhecida, percebo que a ausência nos faz perceber o
quão simples é estar bem.
Mas não por
ironia, essa mesma que constrói e reconstrói a trágico-cômica história da existência
humana, são exatamente estas tais coisas, simples, ou não, que faltam, e que me
faltam.
Dois
cachorros, uma rede armada sob um imenso e azulado céu do cerrado – e você ao
meu lado.
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