Carnaval 22
Nesse carnaval tirei as fantasias, as máscaras
Me despi- despudoradamente e percorri as linhas que cruzam o corpo e reconectam o mundo do sentir.
Eu era uma espécie de anti-heroína, real e demasiadamente humana.
Tinha música e silêncio, palavra dita, escrita, lida, pensada … tinha palavra cantada, tinha palavra calada.
Tinha contemplação. Dos passos no caminho (um depois o outro), observando a paisagem de ida e de volta - a frente, o verso e avesso.
Tinha solidão.
Nesse carnaval ouvi gemidos de liberdade, hora soltos, altos e intensos… hora baixinho, quase prece em agradecimento.
Talvez ele nunca saiba do bem desse encontro real- desfantasiado, que concordava e discordava, acordava e adormecia… esperando que a longa noite escura tivesse finalmente acabado.
Olhei pra céu tantas vezes, e em tudo em volta, maravilhada- duvidando e acreditando.
Respirando
Lento e profundamente.
Encarando o sol de frente, mesmo quando faltava o ar, a palavra, o silêncio e o depois
Segui caminhando
Deixando aqueles outros carnavais
Embalados em antigos cartões postais.
Comentários