To die
Hoje pensei em voz alta sobre meu desejo de ter alguma agência sobre o fim..meu fim
Foi estranho e desolador.
No meio da manhã, sentada na escada, esperando alguém que não veio…
Fui atravessada por suas mensagens perturbadoramente reveladoras - de uma forma estranha me trouxeram um profundo alívio.
As músicas nos transportaram .. 20 anos antes e com um piscar dos olhos cá estamos.. ainda estranhamente imbricados .. como toda história de amor perfeita por não ter sido vivida.
Me fez lembrar da menina sempre sorridente que sustenta tenuemente o dia de hoje, o desejo do futuro e o imenso vazio da ausência de alguém que se ama.
O luto corta a carne suavemente como agulha passando no vinil- produz atrito e som.
As alegrias nunca mais serão 100% felizes, ela me disse.
Pensei em quem se lembraria de mim ouvindo uma música, num domingo à tarde.
Então, ele me fez lembrar daquela música do The Smiths, depois Belchior… David Mattews .. e que ainda pulsam.
Será que no fim nos lembramos de tudo que nunca foi?
Me vi como aquela senhora sentada no Ueno Park em Tokyo, absorta na leitura do seu pequeno livro.
Parava vez ou outra e fechava os olhos com força para sentir o Sol batendo e a música de fundo.
Eu provavelmente estaria relendo aquele livro que André Gorz escreveu para sua D. e de como ele cumpriu sua promessa de um fim digno para os dois.
Ou aquele de Yalom e sua companheira relatando corajosamente tudo que permeia o fim.
Parece menos solitário, apesar do fim ser um caminho que se percorre só.
Hoje me peguei pensando em como seria “to die by your side”
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