Fazedor de amanhecer






De todas as coisas desimportantes, dessas que não chegam a tocar a alma, percebo a beleza de tudo o que não invento.
Eu não sei nominar, mas me atravessa como uma flecha que corta o nada..e eu sinto neste meu órgão de morrer, o silêncio das coisas.
Ah..o silêncio, hora eu os componho, hora nem vejo. Mas são tantos que me percebo- completa de vazios. Você diria fria..fria? Tampouco.
Sou eu que sendo árvore, aquieto-me, roubo o vento e balanço. No silêncio escuto e leio as pedras, desinvento objetos e observo o seu movimento.
Há um certo atraso de nascença, você diria. Para mim é mais um futuro antigo, aquele que não se escuta o que cala, ou mesmo quando preferes tocar na voz do peixe.
Não há erro na natureza, o caos um dia se entende.
Mesmo quando amanheço ontem, sei que caminho é não permanecer
Movimento é fazedor de novo amanhacer.




Livremente inspirado na obra de Manuel de Barros.

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