Sobre o trabalho deles
Ei, você, que posa de pseudo-humilde, cult, fashion com sua camiseta branca básica e sua sandália de borracha.
Saiba que sua camiseta é fabricada, etiquetada e embalada, diariamente, pelo trabalho semiescravo de pessoas presas, as mesmas pessoas que fora da prisão são desprezadas pelo capital. Elas não entram na loja onde você costuma comprar a camiseta produzida nas celas, e se tentam entrar são constrangidas pelos olhares opressores dos consumidores-padrão.
E antes que você adote o discurso de que o trabalho dignifica o ser humano, em verdade esse trabalho só tem dignificado o capital, que multiplica seus ganhos usando, em uma das pontas desse emaranhado da felicidade pelo consumo, o excluído que produz barato, e o incluído que consome sem se importar com o caminho percorrido pela mercadoria que leva pra casa.
E assim seguimos… mesmo os mais bem-intencionados de nós, que acreditamos “burlar” ou “resistir” ao sistema usando nossas camisetas brancas básicas. Somos ou querermos nos manter tão ingênuos frente ao capital?
E por fim constato, não há incluídos ou excluídos, somos todos úteis à exploração do capital.
Juliana Paiva
(Visita ao Complexo Penitenciário de Aparecida de Goiânia – julho de 2016)
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