Sobre um bom negócio

Eu soube… boatos… pode ser mesmo um bom negócio.
Levar comida, não precisa ser boa, basta encher.
Coloque um pouco mais, deixe transbordar. Se estragar? Não tem problema, eles vão pagar, tem contrato, tudo direitinho. Licitação, menor preço, menor qualidade (não quer servir boa comida para eles?)
Eu vi sendo entregue… São muitos caminhões, funcionários, quanto trabalho isso gera?
Alimentar…nobre trabalho.
Ouvi a moça, representante de um tal conselho de assistência social, falar…
Vamos dar o lanche, assim o povo vem participar.
Ouvi esse argumento, tantas vezes. Para participar, tem que lanchar. “Só organizar, o lanche tá garantido, tem contrato, é só articular.”
Na cadeia não tem jeito, participa mesmo sem querer, faz o que se manda fazer.
Ouvi de um deles… seu sonho é fazer um curso de vigilante. “Tem muito trabalho, né, dona. Meu cunhado trabalha de vigia lá no CRAS, lá é tranquilo, né, ele recebe para dormir, tem perigo nenhum. Eu vou aproveitar que aprendi a lidar com perigo. Levo jeito. Ta aí… meu sonho é ser vigilante, dessas empresa que trabalha pro governo, nunca deixa de ter trabalho, mas aqui não tem curso… vou esperar sair, será que vou poder fazer? Tem porte de arma? Sei não, mas levo jeito. Ainda vou estar do lado de lá, vigiando o povo.”

Juliana Paiva

 (Desabafos entre as visitas em presídios e reuniões com usuários da assistência – abril de 2016)

Comentários

Postagens mais visitadas